06 junho, 2009

Sem mais...

Centro de uma Papoila-das-searas (Papaver rhoeas)
foto: Augusto Mota


Sem mais arrefecer-me o sangue
que venha
o incenso descampado
de flores em movimento
de olhos fechados
oferecer-me a boca.
Há escaparates
de mãos ardentes
e uma sede feroz.

Que venha
um deus de fogo
o tempo jurado contra a noite
os pântanos que a morte tem.
Na cintura do parque,
os ossos dilatam-se,
e eu tenho a chave da noite.

Graça Magalhães.