29 dezembro, 2009

É UM FOGO SILENCIOSO CAÍDO À NOITE

e adormecem as crianças nos sonhos cruéis
a morte numa faca uma pedra de fogo nos olhos
são momentos puros ou decisões exangues
notas musicais na grada noite
no entanto pouca a luz

não há gritos nem há danças
a luz corrente não deu cor aos dias
as crianças têm
rosas de água nos anagramas dos cabelos
correm no sono
cruzam nos jardins a ponte rude

as crianças adormecidas nas promessas de crescer
têm sede de sol ouvem os uivos de lobos

uma imagem de fogo e letras várias
é um fogo silencioso caído à tarde
este sonho que decresce nos olhos
espera a noite

calam na boca os sonhos na aspereza da língua
tem as festas do olhar nas mãos de água
sonham na estranheza ancoradouros perdidos
ouvem vozes é o mundo escondido
que lhes dá sorriso vivo
estão calmas no sonho com uma faca ou uma taça
tudo por acordar nos olhos de solidão
de quem as adormeceu


José Ribeiro Marto