anda aqui formigando uma palavra,
voa, ajeita–se num sopro,
fulge de repente, é quase tudo;
uma migalha sonora primeiro,
diminutivo de coração eleito,
a palavra,
formiga e mordica na minha cabeça,
bate intensa no meu peito,
aponta-me a mão requer tempo,
diz-se,
a maturação de um fruto
só folha verde na sombria árvore
um som calmo, ouço
eu quero-o assim, que luza
avance em verso, amadureça
e subtraia-se ao ruído à pressa
configure uma espera,
e traga o fruto, o veio, o sol,
descerre uma janela
vejo-a como uma joaninha,
insecto maravilhoso aos olhos de uma criança,
pousada no seu pulso, abrindo asas voando,
encontrei–te agora minha filha,
num puro abraço te apertando
José Ribeiro Marto