Deixei a sede na planície,
Dormi sob o véu dos pássaros,
Tão rés às estrelas,
Tão diminuta era a tarde,
Muito longe das estradas.
Meu coração vibrou de ouro,
Sementes dos dias,
O tempo as guarde.
Brota agora um chão
de passos,
Seja o que fui irmão dos pássaros.
Deixei a sede na planície
Um pulso ou mão de água;
Uma água fértil,
Ao cuidado de uma lágrima,
de olhos vazos
Escrevi-me no horizonte.
Hoje quando me dizem antes _
Eu sopro o esplendor de um dia aceso
ao uivo dos lobos fico preso_
num canto misterioso de nascer.
José Ribeiro Marto