05 julho, 2009

O rouxinol de Bernardim

O rouxinol de Bernardim
era teu ou era meu
quando veio de madrugada
tecer seu canto no muro do jardim?
E após breve pousada
levou os séculos voando
quando perto já de ti ,
vim abrir para dentro as portadas.
Ouviam-se carros nas estradas
o rouxinol desaparecia , voava.
À procura de uma árvore
destroçada sobre a terra exangue
na paisagem, vidros partidos , papéis ,
galhos , jornais, a tinta a sangue

No jardim de minha casa
há sempre uma rima de Bernardim
que canta aflita de madrugada ,
como se houvesse uma levada
e essa fosse, a do teu amor por mim!

José Ribeiro Marto , Pastoreio , pag. 36, Edições Temas Originais