16 janeiro, 2010

Colher o tempo




Sítios de onde olhei estrelas
e foram tantos se os lembrasse –
meridianos da minha vida
um mapa o fio
de Ariane
à primeira das terríveis alegrias.

Desta falésia quantas vezes
barca branca apontada ao sul
estrelas que convocámos
e na proa o braço erguido -
claridade
de um deus gentil meu irmão.

Que é voltar?
Verões foram, arderam
estrelas em mar e céu
extraviou-se a via láctea
e o deus partiu.
Como se nunca houvera existido.

Apelo silente dos fundos do mar
longas plácidas ondas, fosforescências
da vida breve.
Colho o vento o tempo o riso
agudo
de outras crianças pequenas lanças de alegria.




Soledade Santos