05 janeiro, 2010

isto é um poema sério





Vem pela noite um bandido
com uma mão cheia de cinzas
para nos cegar.
eu disse.

O rapaz cheio de saúde
perde o trabalho,
sai de casa, fica ao frio da rua,
torna-se um sem - abrigo.
eu disse.

Vem o velho Adolfo
conhecedor de escravos
mete-os em muitos lugares da terra;
Vem a este tempo para blasfemar.
eu disse.

Gravo no teu coração esta página de pedra.

Se ninguém cantar
enquanto dura tudo isto,
conhecemos a razão,
a água não lavará mais as nossas mãos.

Entre as coisas que sobreviverem
restarão as nuvens, os glaciares em degelo,
que dirão de sua justiça.

eu disse.



maria azenha