deixa-me servir-te o café da manhã
(uma nuvem quente líquida
fumo voado)
as tuas mãos abraçadas
ao azul da chávena o mesmo sono
nada estremece
o lume fugindo no ar limpo
fumegante vai-se aquece
lá fora a manhã quebra-se
no guincho do eléctrico
o sol corre pela mesa
o pão perde a forma
são as tuas mãos
separando o miolo da côdea
a hora é aberta
o sol na boca
o sorvo do café
festejas na respiração
tensa
a surpresa
luzes na manhã
despertas
José Ribeiro Marto