31 agosto, 2008

deixa-me servir-te o café da manhã

(uma nuvem quente líquida

fumo voado)

as tuas mãos abraçadas

ao azul da chávena o mesmo sono

nada estremece

o lume fugindo no ar limpo

fumegante vai-se aquece


lá fora a manhã quebra-se

no guincho do eléctrico


o sol corre pela mesa

o pão perde a forma


são as tuas mãos

separando o miolo da côdea

a hora é aberta

o sol na boca

o sorvo do café


festejas na respiração

tensa

a surpresa

luzes na manhã

despertas


José Ribeiro Marto