sempre que passa na rua,
passa mais dentro que fora;
e em minha alma passa nua,
(ela sabe disso e cora);
que eu a dispo com os olhos,
sem que haja lubricidade –
deste modo eu vejo os outros,
(mas disso ela não sabe):
despidos até à alma,
(que é a pele verdadeira);
é assim que a vejo a ela,
mesmo que ela não queira.
e ao passar dentro de mim,
‘té fora de mim perfuma,
por isso cheira a jardim
meu quarto, perto da uma,
que é quando ela se aproxima,
mesmo que seja mais tarde,
por estritas razões de rima,
por ser mentira e verdade;
ao sonhar, quando adormeço,
nesse sonho revelado,
um corpo que desconheço
respira brando a meu lado;
meus dedos tocam-lhe a pele,
e sua alma desnuda
não tarda que se revele
na carne em que se transmuda.
e depois não acordamos,
(talvez nem haja depois),
para sempre aqui ficamos,
nestes versos, casa de ambos,
somos um e somos dois –
passa mais dentro que fora;
e em minha alma passa nua,
(ela sabe disso e cora);
que eu a dispo com os olhos,
sem que haja lubricidade –
deste modo eu vejo os outros,
(mas disso ela não sabe):
despidos até à alma,
(que é a pele verdadeira);
é assim que a vejo a ela,
mesmo que ela não queira.
e ao passar dentro de mim,
‘té fora de mim perfuma,
por isso cheira a jardim
meu quarto, perto da uma,
que é quando ela se aproxima,
mesmo que seja mais tarde,
por estritas razões de rima,
por ser mentira e verdade;
ao sonhar, quando adormeço,
nesse sonho revelado,
um corpo que desconheço
respira brando a meu lado;
meus dedos tocam-lhe a pele,
e sua alma desnuda
não tarda que se revele
na carne em que se transmuda.
e depois não acordamos,
(talvez nem haja depois),
para sempre aqui ficamos,
nestes versos, casa de ambos,
somos um e somos dois –