uma coroa de sangue :
- disse alguém –além no muro-
e passou indecisa, não se juntou .
estava tanta gente calada e reunida,
estava tanta gente contida no lodão,
na sombra ramada e escura
na rua
logo na manhã inteira, depois a tarde
alargando ramos e folhas verdes
sobre o telhado, coando o sol...
a árvore dispersou os sonhos da manhã
a coroa de sangue estava no muro
e vinha um bando de borboletas desdobrar asas
no assento branco e vermelho da bicicleta,
nas rodas, nos carretos inquietos, nos pés da criança
a criança rolava e rolava velozmente,
tudo que lhe daria corrida pelo mundo
nos instantes de olhos desviados arduamente
o mundo era pequeno; uma rua, um troço de outra,
meia-avenida, o bastante na manhã
enquanto se velava alma perdida,
a quem ninguém viera
reconhecer os nós dos dedos,
o mais certo sinal que havia na coroa da manhã
espelhada na cal dos muros
e ali jazia pela Liga dos Bombeiros
José Ribeiro Marto