A MARIA AZENHA
Há pássaros pousados nos teus poemas
bandos sagrados são nua semente
florescem como dardos quando voam
Ouvem murmurar sem haver gente
Não estranho os rios de água
Correndo véus de palavras
Não estranho os pássaros
Não voam sozinhos na tua voz
Estranho-me eu e sou de horas
As horas de ouvir as horas sós
Voo contigo nesse pulsar do tempo
Perco-me e ausento-me da morte
Como um rio não vendido vivamente
Onde não assoma outro barco
Só brota uma guitarra levemente
Perdoa se um verso segue uma rima
Eu sigo só sei que estás no mar
E dás da água milenar
O assombro vivo numa pauta de escutar
JOSÉ RIBEIRO MARTO