03 janeiro, 2009

MURMÚR(I)OS

Foto de Carlos Fernandes
Murmúr(i)os

De pedra, cimento armado, arame farpado ou rede electrificada, ergue-os a infâmia de quem mais pode, impedindo a passagem a quem mais precisa, contra o Direito e a Humanidade. Muros. Murros no estômago dos desventurados, a quem apenas se ouvem débeis murmúrios.
O de Berlim caíu enfim. Outros se vão, a pouco e pouco, desmoronando. Mas, todos os dias, outros se vão edificando. Na Cisjordânia, no Sahara ocidental, na fronteira sul norte-americana ou nas profundezas de todo o homem que queira vedar o passo a outro homem.
Muros, murros, murmúrios...

Passa o vento leste
P'la cidade amuralhada
E não quer entrar

É na planície sem muros
Que mais gosta de dançar

Carlos A. Silva
2 Janeiro 2009