17 janeiro, 2009

Declaro-te um rio

Relvado do jardim protegido do granizo pela copa de uma
conífera ornamental do género Chamaecyparis.
Foto: Augusto Mota

Esta é a neve maior
e eu chamo.
Declaro te
pássaro que me invade
como relâmpago
desarrumo estrelas nos olhos
onde flutuam sais de fogo,
como quem vê passar
um êxtase de silêncio
um traço de pele
unindo as mãos ao corpo
a boca ao interior dos lábios
o céu dentro de um vestido
flutuam indícios sobre o peito
desarma-se a tremura
nessa forma sublime
Um rio
Intensíssimo de bátegas
onde tudo acontece
fitas coloridas
vermelho ardente
o fascínio da pedra
onde se grita
um ponto de luz.

Graça Magalhães