13 março, 2008

José Ribeiro Marto

nasce no dia 3 de Abril de 1960 em casa da bisavó paterna entre o concelho da Moita e o de Palmela
Estuda Sociologia no ISCTE
Faz uma Pós -Graduação em Escrita Literária na Universidade Lusófona
Ganha em 2007 o 1º Prémio Litterarius de Poesia com o poema “PASTOREIO” e uma menção honrosa com um conjunto de poemas “ERRAR” promovido pelo Clube Racal de Silves
Foi professor do Ensino Secundário
É professor de Português como Língua Estrangeira
Autor do blogue profanus [ clique ]
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O QUE LAVRA O CINZEL SENÃO A PEDRA

O que lavra o cinzel senão a pedra
com a mão buscando o nome do sangue e do escopo
com a veia escurecida vibrando na pele o pó branco
os olhos divididos entre as mãos e o som
aquele ferro presente criado na corrente
de uma imagem de tronco sobrelançado
à escuridão ou à frescura de uma mão

nada descura tão feita de seda a pele
como se fosse de madeira
e os cabelos fossem lavas brancas
cheios de fogo de ondas indo abraçar o mar
a escultura já feita impoluta
procurando a escuta de quem com ela
quisesse falar
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AH OS VELHOS COMO DEITAM CONTAS AOS DIAS

Ah os velhos como deitam contas aos dias
como lançam a danação de uma carta de sobrancelha
ao parceiro de jogada
como rebatem a vida sobre o tampo de uma mesa
como desaborrecem a morte
como só depois vem o poder de uma dor
combatida pelo ruído de uma máquina
pelos pássaros das gaiolas
pelos gatos nos beirais das janelas
ou na franquia dos muros
tudo o que lhes é silencioso é escuro
tudo o que ouvem já não pertence ao mundo
só a noite o sono o soporífero o amuo
Ah o gosto posto nos rituais nos festejos
o tiro que arremessam ao passado
contado até que adormeçam a morte
ou a criem transparente nos nossos olhos