nasceu a 8 de Junho de 1958, Angola. autora do blogue Romã (A) de Vidro [clique]
esta noite sonhei que comia, como antigamente,
em bolas, o pirão das lavadeiras.
lambuzava as mãos no molho da lata assente no fogareiro.
meu corpo de menina aquecia sentado numa pedra de luz,
vinda do sol que secava o peixe para a banda sul das pescarias.
sonhei com esses dias de gozar, na estrada estreita sem palmeiras,
ladeada por morros e mar. o mar que me batia!
(lembras-te, pai, do medo que eu tinha do mar?)
e sonhei também com os olhos abertos das cubatas
que sem pestanejar, me deixavam ver o escuro de pupilas.
de pupilas que não liam, mas sabiam, e arregalavam-se aos
desenhos das nuvens e futuras trovoadas…
no meu sonho voltei a ser menina, comi o pirão das lavadeiras
e revi a insónia nos olhos das cubatas.
o pirão das lavadeiras**********
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esta noite sonhei que comia, como antigamente,
em bolas, o pirão das lavadeiras.
lambuzava as mãos no molho da lata assente no fogareiro.
meu corpo de menina aquecia sentado numa pedra de luz,
vinda do sol que secava o peixe para a banda sul das pescarias.
sonhei com esses dias de gozar, na estrada estreita sem palmeiras,
ladeada por morros e mar. o mar que me batia!
(lembras-te, pai, do medo que eu tinha do mar?)
e sonhei também com os olhos abertos das cubatas
que sem pestanejar, me deixavam ver o escuro de pupilas.
de pupilas que não liam, mas sabiam, e arregalavam-se aos
desenhos das nuvens e futuras trovoadas…
no meu sonho voltei a ser menina, comi o pirão das lavadeiras
e revi a insónia nos olhos das cubatas.
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Outrora eclodiam os desertos.
Chegava a integridade de um outono -
a seiva, àquela simples casa que morria
de súbito, e amava.
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esta voz que persegue como a pedra
que te escreve
esta voz ecoa no caminho
no que foi ternura
flor
luar
clausura
piano dentro da palavra.