disseste
bailarinas pó de arroz
dançam candeeiros de amêndoa
habitam-me os olhos na voz
ciclos de memórias
desenrolam
melancias vermelhas
estranguladas
por vírgulas pretas
pontos cerebrais
enfeitados por palavras
delicadamente propositadas
disseste a ternura dos jornais
em rosto de acordeão
um sol de farinha nos olhos
o ponto final nos ombros demorados
silêncio nos dedos de seda
a estremecer
uma voz
sólida
de fogo na noite
Graça Magalhães
Este poema é dedicado a todos aqueles que animaram as palavras nesta III Bienal de Poesia: Marta Vargas e Grupo Experimentarte.