02 abril, 2008

Porfírio Al Brandão

é o pseudónimo literário de Evaristo Almeida Martins, nascido em França a 18 de Abril de 1979 e residindo actualmente em Viseu. Encontram-se publicados os seguintes livros: Ancoradouro [2002], O Príncipe Nu [2002], Boca do Mundo [2004], O Bailado das Facas [2004], Moral Canibal [2005] e Infracarnália [2007]. Colaborador de revistas literárias como Ave Azul e Oficina de Poesia, é um dos elementos do grupo de leitura denominado Sarau dos Danados.
Autor do blogue Januellarium [clique]
e co.autor de Sarau dos Danados [clique]
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começar no pequenino ponto controverso
: é um princípio do movimento
mais do que isso,
é O PRINCÍPIO!

O MOVIMENTO – sim, o único princípio
e razão única da pulsação

A VIAGEM, camuflado interesse do ser movente
nos dirá que
a única vicissitude do movimento
é a energia,
verdadeiro mistério de qualquer órbita ontológica

e O TRÂNSITO
assombroso milagre aspirante a precipício
que o ser intermitentemente o lê como abismo
ou fascínio (nas suas férias
estendidas a todas as partículas)
A CINÉTICA, portanto
fúria visível dos átomos em delírio
[energia viva]
pressuposto máximo de transacção
dança infernal ou futuroscopia pirotécnica

falemos de espasmos cintilantes
O CÂMBIO – ecossistema convulsionante
espantosamente colorido
mais colorido que o próprio conceito de cor
que o efeito infinitesimal de toda a gama de cores
em todas as suas frequências – colorido de espanto,
melhor dito!


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SONETO À VOLTA DUM DEUS DE BARRO


ali de novo o grosso coro do gentio
a mão cheia de povo

uma rede nervosa de papilas
espigões cárneos expansivos

marchetam, marchetam sem parar
e magoa dentro o respirar

saberá a língua esse gume doentio?

porque nunca imóvel o aglomerado
esse coro encurvado do gentio
desde já solta aquela ou aqueloutra articulação

a seiva do mal ● tenso cordão universal

de cima o grande coração
o tentacular plasmódio populacional
pronto a esboroar o açúcar das estátuas