03 abril, 2008

Teresa Tudela

Porto. No seu percurso literário mais recente, a autora reúne em volume Sete Transmutações da Casa, Editora Ausência, Porto, 2002; T a Bernardim, Campo das Letras, 2006 (poesia acompanhada pelo dizer da autora, em CD oferecido com o livro). Recebe o Prémio Litterarius para Poesia, Maio, 2006. Conta com participações em publicações colectivas e on-line; colectâneas e antologias temáticas, designadamente Na Liberdade, Antologia Poética, Garça Editores, Peso da Régua, 2004; Algarve todo o mar, Colectânea, Adozinda Providência Torgal e Madalena Torgal Ferreira (sob a organização de), Dom Quixote, Lisboa; revista “Folium”, Penafiel, 2006; Uma Luz de Papel, Colectânea, Jorge Velhote, Luís Mendonça e Renato Roque (sob a organização de), Edições Éterogémeas, Porto, 2007; 100 Anos 100 Poetas, Cântico em Honra de Miguel Torga, Antologia de Poesia, António Arnaut e Rui Mendes, (sob a organização de), Coimbra Editora, 2008.
No âmbito académico publica artigos em volumes e periódicos da especialidade e on-line, no domínio de Tecnologias Educativas, Women’s Studies e Cultura. Participa com frequência em seminários, conferências, tertúlias e apresentações de livros.
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Porque em mim secreto te guardo
mesmo em vão
no mundo te procurarei por toda a parte

saberão os lagos
brando olhar da terra
ao espelhar de dia nuvens passageiras
e luas em noites claras
porque não são ainda fios de conta
na cauda de organdi dos mais fugazes cometas

dizem-me todavia
que vá

asseveram-me esperar por ti
enquanto o mar se não levante
irado de indignação


que descanse
silenciosos
velarão

margens porosas e firmes da tua imagem

de tanto lhes ter confinado
se ter tornado a brisa minha irmã
dizem
igualmente vestida de ligeiro arrepio e branca

bruma
tardia por sobre
tépidos rosais
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Uma estrela às portas do amor
noite após noite
vigilante
mais forte que todo o olvido
ainda a engolir-nos longamente

antes que sejas luz
serás denso e ázimo
porém
nada em ti me desagrada

não que sejas belo
apenas pão
surpreendente aos meus sentidos
alimento
de verdade limpa no peito

antes que sejas luz
serei cordeiro e orvalho
a nuvem passageira
Medusa
imersa nas profundezas do mar

antes de te guiar o sonho
velará uma estrela cintilante no seu posto
alerta ao dia
em que o seu estro te transpareça
e possa enfim despenhar-se
criança
em gargalhada líquida e cadente no céu
em vibrantes caudais dourados de alegria

saberás então
afagá-la cuidadosamente em meus cabelos