AOS AMIGOS
Amo devagar os amigos que são tristes com cinco dedos de
cada lado.
Os amigos que enlouquecem e estão sentados, fechando os
olhos,
com os livros atrás a arder para toda a eternidade.
Não os chamo, e eles voltam-se profundamente
dentro do fogo.
— Temos um talento doloroso e obscuro.
construímos um lugar de silêncio.
De paixão.
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Herberto Helder
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1.
Amo devagar os amigos que são tristes com cinco dedos de
cada lado.
Os amigos que enlouquecem e estão sentados, fechando os
olhos,
com os livros atrás a arder para toda a eternidade.
Não os chamo, e eles voltam-se profundamente
dentro do fogo.
— Temos um talento doloroso e obscuro.
construímos um lugar de silêncio.
De paixão.
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Herberto Helder
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1.
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o que arde não perdura.
deixa rasto marca pasto para que o ardor subtil
no rescaldo do regresso
deposite gotas de húmus ardente de comoção.
nesse lastro do ardido o húmus incandescido
faz-se criação sublime.
sendo o mover-se
tudo move
o que não arde e
intacto
se perdura no esplendor de seu ardente fulgor.
deixa rasto marca pasto para que o ardor subtil
no rescaldo do regresso
deposite gotas de húmus ardente de comoção.
nesse lastro do ardido o húmus incandescido
faz-se criação sublime.
sendo o mover-se
tudo move
o que não arde e
intacto
se perdura no esplendor de seu ardente fulgor.
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2
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o modo do fogo inteiro
é o lugar da permanência:
perdurar
o que semeia.
é o lugar da permanência:
perdurar
o que semeia.
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maria toscano, o que arde não perdura. Poemas em Água Viva.
(no prelo)
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