17 maio, 2008

O poema



O poema
é a voz que adormece
a claridade
como lírios de luz
nas asas de um tocador
é uma extática e lenta primavera
onde a carne se distrai
e as giestas abrem perfumes
como desejos.

O poema
é uma profusão de teclas
sobre trinados de pele
Medusas de incenso
no sangue de quem escuta

Um ser outro diferente
um instrumento de sol
bagos de cereja
pelos canais do linho
alegria de palavras
dormindo os pássaros
da tua entrega
entre a flor e o incêndio do vento

O poema és tu
e eu dormindo.


Graça Magalhães