09 maio, 2008

poeta // poema // poesia


os poetas
quais vagabundos de sonhos e
de memórias apagadas
voláteis em janelas sufocadas
prendem.se nas madrugadas oníricas
cantam logo de madrugada antes
do adormecer
em cadeiras vazias de

outros poetas

os poetas
rasgam.se nos papéis com que
cobrem o chão
longe ou perto
a percorrer o vento através da poalha húmida
das estrofes desenhadas
espreitam movem.se apagam
marcas e cicatrizes
no rubor dos afectos inacabados
nas mesas e nos papéis com que vestem
as palavras

os poetas

esses rastos repetidos do antes e do depois
têm.se prenhes
na saliva quente das camas
em articulações esquecidas
a desoras desovados

os poetas

cravam as unhas até ao sangue
nas paredes


este sou eu ... és tu ... somos nós
uma cadeira vazia
ouves como me esqueço? ouves como nos esquecemos de nós?

fotografias de bogdan zwir
_________________

gabriela rocha martins, 9 de maio 2008.