os poetas quais vagabundos de sonhos e
de memórias apagadas
voláteis em janelas sufocadas
prendem.se nas madrugadas oníricas
cantam logo de madrugada antes
do adormecer
em cadeiras vazias de
outros poetas
os poetas
rasgam.se nos papéis com que
cobrem o chão
longe ou perto
a percorrer o vento através da poalha húmida
das estrofes desenhadas
espreitam movem.se apagam
marcas e cicatrizes
no rubor dos afectos inacabados
nas mesas e nos papéis com que vestem
as palavras
os poetas
esses rastos repetidos do antes e do depois
têm.se prenhes
na saliva quente das camas
em articulações esquecidas
a desoras desovados
os poetas
cravam as unhas até ao sangue
nas paredes
no rubor dos afectos inacabados
nas mesas e nos papéis com que vestem
as palavras
os poetas
esses rastos repetidos do antes e do depois
têm.se prenhes
na saliva quente das camas
em articulações esquecidas
a desoras desovados
os poetas
cravam as unhas até ao sangue
nas paredes
este sou eu ... és tu ... somos nós
uma cadeira vazia
ouves como me esqueço? ouves como nos esquecemos de nós?
fotografias de bogdan zwir
_________________
_________________
gabriela rocha martins, 9 de maio 2008.