Desenho no tacto
o volume dos dias passados
o cetim caramelo das luas
uma inocência de brisa
sobre serpentes de acórdeão
uma infância
desarmando o riso
do futuro no peito
perfurando o mato
nossas mãos roubavam
a carne silvestre
deliciando as papilas
dentro dos lábios
escondidas
havia mangas nos roseirais
bicicletas púrpura
guiando a estação dos comboios
animais irrompendo das plantas
entre cabelos de palha
e um céu de fósforos acesos.
Graça Magalhães