Alentejo
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---Pro Silvestre Raposo---
..............hoje
..................é o sangue branco das cobras que perpetua o lugar
..................é o sangue branco das cobras que perpetua o lugar
..................o peso de súbitas cassiopeias nos olhos
.................................Al Berto
1.
.................................Al Berto
1.
Presumo o teu útero já amadurecido
nas planícies da memória. E a flor
que estendes entre dedos e silêncio
é o coração que vibra a pureza rubra
o peso do sol na fímbria das escarpas.
2.
nas planícies da memória. E a flor
que estendes entre dedos e silêncio
é o coração que vibra a pureza rubra
o peso do sol na fímbria das escarpas.
2.
Estes os dias que se conjugam sísmicos
sob os abutres, nas cercaduras acúleas
os víveres. Todas as epístolas desnudas
das trovoadas sobre a terra agreste e rude
da cegueira, em busca da fúria de Deus.
Os líquidos definitivos ansiando agora
as oferendas dos charcos de água morta.
3.
sob os abutres, nas cercaduras acúleas
os víveres. Todas as epístolas desnudas
das trovoadas sobre a terra agreste e rude
da cegueira, em busca da fúria de Deus.
Os líquidos definitivos ansiando agora
as oferendas dos charcos de água morta.
3.
Quando a planura se abre às paisagens
que o tacto persegue, a noite escorada
dos animais com raiva. Hortos vorazes
fechados na rotação fincada dos corpos,
searas loiras como oiro serpenteando
no vigor do solstício, o assombro vivo
ao longo desta terra de foles e aromas.
4.
que o tacto persegue, a noite escorada
dos animais com raiva. Hortos vorazes
fechados na rotação fincada dos corpos,
searas loiras como oiro serpenteando
no vigor do solstício, o assombro vivo
ao longo desta terra de foles e aromas.
4.
Em redor da sede o cio brotando adulto
alucinado pela travessia, o choro branco
onde o olhar se estende mágoa seguindo
a saliva doce dos répteis sob o sol polido
para que repouse o bafo. O prodígio, uma
raiz de corpo que se recolhe e dilata fonte
por dentro, as víboras só ansiando ternura.
5.
alucinado pela travessia, o choro branco
onde o olhar se estende mágoa seguindo
a saliva doce dos répteis sob o sol polido
para que repouse o bafo. O prodígio, uma
raiz de corpo que se recolhe e dilata fonte
por dentro, as víboras só ansiando ternura.
5.
Agora a embebida fluidez das estirpes
irrompe por infinitas bocas, as artérias
de sangue aprazível, o perfil mais puro
entre ébrias arribas. As crias explodem
o ventre da argila rubra, abrindo sulcos
celestes por onde as mulheres voltam
a reincidir através do odor dos espinhos.
6.
irrompe por infinitas bocas, as artérias
de sangue aprazível, o perfil mais puro
entre ébrias arribas. As crias explodem
o ventre da argila rubra, abrindo sulcos
celestes por onde as mulheres voltam
a reincidir através do odor dos espinhos.
6.
Mas sei que os frutos e as aves doiradas
se fincam no assombro, a imprevisível
quietude do mundo. À noite a labareda
regressa abrindo o dorso da terra exposta
varado pelas cegonhas nos campanários.
O silêncio tecendo as vozes das fêmeas
que se equilibram em suas próprias garras.
7.
se fincam no assombro, a imprevisível
quietude do mundo. À noite a labareda
regressa abrindo o dorso da terra exposta
varado pelas cegonhas nos campanários.
O silêncio tecendo as vozes das fêmeas
que se equilibram em suas próprias garras.
7.
Raras vezes os espigões radiais esculpem
a iniciação do pólen, a escora da morte
no eixo múltiplo da sílaba negra. Alentejo
te ungi, te unjo e unjo, despontando ileso
na purificação ateada das águas. E só falo
do horizonte rasgado no espaço primordial
e das madrugadas sazonadas sob as estacas.
8.
a iniciação do pólen, a escora da morte
no eixo múltiplo da sílaba negra. Alentejo
te ungi, te unjo e unjo, despontando ileso
na purificação ateada das águas. E só falo
do horizonte rasgado no espaço primordial
e das madrugadas sazonadas sob as estacas.
8.
Cantas sobre a miríade da vozes elementares
as coisas mais simples que acordam o homem
a indomável frescura do corpo uivando hoje
as coisas mais simples que acordam o homem
a indomável frescura do corpo uivando hoje
nas sombras intemporais alastrando do piorno,
a tranquilidade poisando as cegonhas nas antas.
9.
a tranquilidade poisando as cegonhas nas antas.
9.
A poeira das estações no ritmo feroz da terra
as últimas portas do tempo e do espaço aberto
em anémonas que lhes vão ceifando as veias,
a memória impoluta onde se cava a sede do cio
para que o sangue jorre entre todos os segredos.
as últimas portas do tempo e do espaço aberto
em anémonas que lhes vão ceifando as veias,
a memória impoluta onde se cava a sede do cio
para que o sangue jorre entre todos os segredos.
10.
Um sobreiro rouba máscaras na fronteira da luz
a geometria nua das casas no futuro das manhãs
e cada grão de terra é um alfabeto denso de vida.
João Rasteiro
a geometria nua das casas no futuro das manhãs
e cada grão de terra é um alfabeto denso de vida.
João Rasteiro
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Mar de fora - Ao romper da bela aurora
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