29 junho, 2008

"estou num rio" / "estoy en un rio"

.
estou num rio de permeio / estoy en un rio en su centro
plena da vida corajosa / llena de vida corajuda
vou estando no receio sem receio / voy estando en el lazo sin recelo
do receio recuo poderosa / del recelo me alejo poderosa
.
.
.
poderosa fora, mas não posso / poderosa fuera, mas no puedo
amainar esta fraqueza de aço / amainar esta fragilidad de acero
que me torna forte no que faço / que me hace fuert en lo que hago
porque faço o amor que não posso / porque hago el amor que no puedo
.
.
.
faço. desfaço. num campo aberto/ hago. deshago. en un campo abierto
aos trilhos de mãos a que me abri / manos desgranando que me abrieran
faço olhos onde só deserto / hago ojos dónde solo hay desierto
pinto azuis onde mirra o sol / pinto azules dónde languidece el sol
ponho sóis onde morre o que vi / pongo soles dónde muere lo que vi
.
.
.
carcaça a carcaça me reteso / carcasa trás carcasa me reviso
e afasto o errado do incerto / y aparto lo errado del incierto
meu incerto nunca tem conserto / mi inciertidumbre nunca tiene arreglo
porque faço e desfaço o que não faço: / porque hago y deshago lo que no hago:
meu acto de ser nunca tem espaço / mi acto de ser nunca tiene espacio
porque o sou e o crio quando passo. / porque lo soy y lo crio cuando paso.
.
.
.
maria toscano, as palavras contidas.
Minerva de Coimbra (com o apoio de Hotel Quinta das Lágrimas), 1998.
Tradução de Silvia Longhonni (2002), in emedeamar (blogue)
.
(Silvia Longhonni é Poeta e, entre outros dotes, Argentina)
.