20 junho, 2008

O silêncio despido…

Naquele tempo
os dias não eram meus
era inteira em pés de violeta
desfolhando risos ao sul dos pássaros.

corriam asteróides amarelos
sóis a enfeitar o peito
cosendo vértices de areia
planeando o vento nas dunas
os campos floridos e silvestres
era um tempo de espanta espíritos
e aspirinas doces de dormir
pequenas praias se abriam
pequenos moinhos a florescer o vento.
não escravizei o infinito das galáxias
os suspiros roxos da luz
a colher os negros anéis de Saturno

Hoje trago o silêncio despido
um acordeão atropelado
a febre tifóide dos malfeitores da alma.

Graça Magalhães, Primavera 2008