09 junho, 2008

Balada

Com a chuva de permeio


com a chuva de permeio
eu a namorei meu amigo
sombrinha de seda vermelha
o pinheiro era o abrigo


eu a namorei meu amigo
com a chuva de permeio

as nuvens uns carochinhos
vogavam desfeitas no céu
àguas puras dos linhos
corriam no olhar dela


com a chuva de permeio
eu a namorei meu amigo

a carne em flor dos seios
eu a tive meu amigo
a sua lava eu levei
na minha lava comigo

com a chuva de permeio
eu a namorei meu amigo

meu barco na amurada
eu partia meu amigo
ela na pedra sentada
olhando ao longe o trigo

eu a namorei meu amigo
no fugor daquelas tardes

à sombra do pinheiro bravo
eu a namorei meu amigo
a caruma tinha espuma
havia o verde da tarde

com a chuva de permeio
eu a namorei meu amigo

eu partia ela ficava
eu chegava ela ferida
eu andava ela parada
eu morria ela nascia

com a chuva de permeio
eu a namorei meu amigo
sombrinha de seda vermelha
o pinheiro era o abrigo


José Ribeiro Marto