Com a chuva de permeio
com a chuva de permeio
eu a namorei meu amigo
sombrinha de seda vermelha
o pinheiro era o abrigo
eu a namorei meu amigo
com a chuva de permeio
as nuvens uns carochinhos
vogavam desfeitas no céu
àguas puras dos linhos
corriam no olhar dela
com a chuva de permeio
eu a namorei meu amigo
a carne em flor dos seios
eu a tive meu amigo
a sua lava eu levei
na minha lava comigo
com a chuva de permeio
eu a namorei meu amigo
meu barco na amurada
eu partia meu amigo
ela na pedra sentada
olhando ao longe o trigo
eu a namorei meu amigo
no fugor daquelas tardes
à sombra do pinheiro bravo
eu a namorei meu amigo
a caruma tinha espuma
havia o verde da tarde
com a chuva de permeio
eu a namorei meu amigo
eu partia ela ficava
eu chegava ela ferida
eu andava ela parada
eu morria ela nascia
com a chuva de permeio
eu a namorei meu amigo
sombrinha de seda vermelha
o pinheiro era o abrigo
José Ribeiro Marto