21 junho, 2008


Photobucket



Gosto do céu porque não creio que elle seja infinito.
Que pode ter comigo o que não começa nem acaba?
Não creio no infinito, não creio na eternidade.
Creio que o espaço começa numa parte e numa parte acaba
E que agora e antes d'isso há absolutamente nada.
Creio que o tempo tem um princípio e tem um fim,
E que antes e depois d'isso não havia tempo.
Porque há-se ser isto falso? Falso é fallar de infinitos
Como se soubéssemos o que são de os podermos entender.
Não: tudo é um quantidade de cousas.
Tudo é definido, tudo é limitado, tudo é cousas.



Poema inédito de Alberto Caeiro, não datado, publicado pelo Público.
Fotografia - Maria Costa