Para ela
havia olhos de palavras
um alvorecer de manhãs
submersas no silêncio
borboletas rumorejando
a cantar uma raíz
que a distância fez chegar
Sabes
de tanto amar
nasci de luz no relevo das fogueiras
inventando a pele das pétalas
Reabro os círculos do néctar
É então que ocupas
o esplendor do mel
e enfeitas de missangas
metáforas e limões
acesas
podem escrever-se as amêndoas
na concha azul das praias
dormir no anis das algas marinhas
morrer na eternidade
no incêndio das parábolas
no cântaro dos poemas que se abraçam
entre lágrimas
Graça Magalhães, Primavera, 2008