(embirro falar de amor
de livros povoados de felicidade ou de lábios azuis nas fontes)
prefiro falar de árvores estrangulando as estátuas
através das raízes dos barcos de solidão urbana
de rosas a abrir em flor em sentido contrário
ao movimento dos ponteiros dos relógios
prefiro riscar os olhos com a neblina dos campos
- ainda que sem um cêntimo nos bolsos -
e que saibam e conheçam a voz da nossa fome
nunca li, leitor deste instante, aqueles filósofos
que sempre deram imensas explicações
para coisas tão simples como o amor
estou contigo. disponho apenas de algum tempo
para algumas confissões
- nada que os pássaros não saibam -
e quanto ao amor, para sermos claros,
está aqui .
amanhã seria tarde.
maria azenha