04 junho, 2008

Cantiga de Amor

ela dá-me o olhar vivo
são azuis duas sementes
ai dá ai são

ela dá-me as mãos incertas
vermelhas e abertas
ai são ai não

eu dou-lhe a boca muda
à minha sede mais funda
ai dou ai nunca

ela dá-me dos olhos o sorriso
maduro de imprecisão
ai sim ai não

eu fundo a respiração
no sorriso invisível
ai não ai sim

não voo na sua mão
penas sim essas são
ai delas ai vão

sem pressa nem aviso
a carne funda a chuva
ai dar ai não

um sopro de um sorriso
a pele busca o vento
ai sim ai viço

José Ribeiro Marto